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O SUSPENSE E SUAS VARIAÇÕES
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Tecnicamente, define-se o Suspense como o momento no qual predomina um sentimento de apreensão, e no cinema é o recurso de narrativa que busca provocar no espectador este sentimento. Este momento de apreensão foi um recurso que sempre foi utilizado pelos cineastas deste o começo do cinema para dar emoção as cenas de seus filmes. No entanto, era um recurso apenas, e não um gênero. Mas com o passar do tempo, assim como a comédia e o próprio drama, o suspense teve que ser catalogado como um gênero independente por causa dos inúmeros filmes que procurava-se se sustentar, do início ao fim, baseado neste tema: o da apreensão. Daí a necessidade de explicar, não o que é o suspense, mas o que é este gênero chamado suspense. Creio que a maneira mais plausível de tentar explicar o gênero é fazer uma comparação com o que chamamos Suspense e o que chamamos Terror, por exemplo. Isto porque muita gente pensa que tal filme é de suspense, quando é de terror, e outro fala-se que é de terror quando é de suspense. No entanto, como a figura acima bem exemplifica, também está presente e está associado a outros gêneros, subgêneros, movimentos e estilos, como: o filme de ação, aventura, film noir, policial, drama, ficção científica, etc.
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O SUSPENSE E O TERROR
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Imagine uma cena em que o personagem entra num prédio e toma um elevador que o levará ao 15º andar. Mesmo antes dele entrar no prédio o espectador é avisado que alguém colocou uma bomba no elevador. De modo que enquanto ele caminha para o elevador é mostrada alternadamente a sua tranqüilidade no caminhar e a bomba sinistramente instalada num canto alto do elevador e ligada a um dispositivo que será acionado quando o homem apertar o andar que pretende ir. O homem entra no elevador aperta o andar pretendido e tranquilamente volta ao jornal que estava lendo. O espectador que tudo havia acompanhado até aquele momento, vê que a bomba foi acionada e passa a acompanhar o perigo que o homem está exposto (que não sabe de nada), no entanto, o espectador não pode fazer nada, apenas se contorce em sua tensão. Quando a bomba está na iminência de explodir alguma coisa acontece: o homem percebe a bomba no elevador ou alguém misteriosamente avisa-o por um celular ou alguém mais misteriosamente ainda entra em ação para salvá-lo. Seja como for, ele se salva! Ou aperta um botão e sai imediatamente do elevador que em seguida explode ou uma pessoa faz com que o elevador pare num andar antes do previsto e retira-o rapidamente do interior do elevador que em seguida explode. A música desde o início é aquela característica de cenas como esta que acompanha o desenrolar e se intensifica quando a bomba é acionada e chega ao clímax nos momentos finais da cena quando o personagem percebe o perigo.
Isto é o SUSPENSE!
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Agora imagine a mesma cena sendo realizada de maneira que nem o personagem e nem o espectador saiba que existe uma bomba no elevador. O personagem tranquilamente caminha para o elevador. O espectador, embora saiba que alguma coisa vai acontecer, ele fica na expectativa, mas não apreensivo. Já que ele não sabe o que vai ocorrer. Porém, no momento em que o personagem aperta o botão do andar pretendido, a bomba dispara a sua contagem e no momento em que o personagem descobre que isto está ocorrendo o espectador também descobre junto com ele. O personagem leva um susto e o espectador também. A partir daí o personagem entra em desespero e o espectador (dependendo da qualidade da cena) fica também completamente perturbado com a situação. Então quando a bomba está para explodir, podem acontecer duas coisas: segundos antes da explosão o personagem consegue sair um andar antes ou alguém de forma misteriosa consegue retirá-lo um andar antes da explosão. Ou então a câmera dá um corte e mostra (sem detalhes) apenas a explosão quando o personagem vai desta para outra melhor, aí temos, tanto num caso como no outro, o TERROR CLÁSSICO. Porém, pode acontecer de quando o personagem descobre e desesperadamente tenta de tudo para se safar e não conseguindo o pior acontece. Isto é, a bomba explode e o personagem vai desta para uma melhor; porém, com a diferença de que a câmera mostra com detalhes o momento da explosão: com o terror estampado do personagem e as suas partes sendo lançadas aos quatro cantos, com close e tudo a que tem direito. Neste caso temos o TERROR EXPÍCITO.
E nos dois casos, temos o TERROR.
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Resumindo, o SUSPENSE é quando o espectador sabe o que vai acontecer e torce para que o personagem se dê conta e se safe do perigo. TERROR é quando nem o personagem e nem o espectador sabe o que vai acontecer e quando o fato acontece os dois levam um susto e ficam completamente apavorados até o final da cena.
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Antes de entrar em detalhes sobre este tema que é muito interessante, gostaria de ressaltar algumas coisas:
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Primeiro que no exemplo acima eu poderia ter usado um louco homicida, sendo que no primeiro caso o espectador saberia que o criminoso estava à espreita para atacar a vítima e ficaria torcendo para que ela se desse conta e conseguisse se salvar. Neste caso teríamos o SUSPENSE.
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Segundo, o espectador acompanha o caminhar do personagem, sendo surpreendido junto com a vítima com o ataque do louco homicida. Neste caso tanto o personagem quanto o espectador levariam um susto e ficariam apavorados com o perigo. Se o personagem conseguisse se salvar ou alguém o ajudasse para salvá-lo; ou, na pior das hipóteses não fosse mostrado, com um corte, a cena em que o assassino o matasse, teríamos o TERROR CLÁSSICO. Ou então se apesar de todos os esforços do personagem, ele não conseguisse fugir do assassino e não aparecesse ninguém (ou aparecesse, mas não desse tempo) para ajudá-lo, o assassino o pegasse e o matasse; porém com uma diferença: a câmera mostrasse em detalhes a ação do assassino e o pavor da vítima sendo esquartejada, aí teríamos o TERROR EXPLÍCITO.
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Reforcei com este exemplo porque é necessário dizer que tanto o suspense quanto o terror é normalmente provocado por três tipos de elementos: por uma situação ou coisa (no primeiro exemplo, a “viagem” de elevador e a bomba); por pessoas, isto é, os mais diferentes tipos de assassinos e loucos homicidas (neste caso temos os exemplos do assassino do filme “Psicose” de 1960 de Alfred Hitchcock ou o louco homicida chamado “Jason” do filme “Sexta-feira 13”); e fatos ou coisas misteriosas (como o misterioso caminhão do filme “O Encurralado” que tentava matar o personagem ou o mistério do ser que possuía a menina no filme ‘O Exorcista”.).
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Por fim, podemos fazer uma correlação entre os gêneros e suas diversidades.
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O TERROR, por exemplo, já especificamos que ele pode ser clássico ou explícito. Mas ele pode ter outras especificações: como o TERROR PSICOLÓGICO, quando coisas misteriosas acontecem e que o espectador fica na dúvida do que é real ou imaginário. Um exemplo é o filme “O Iluminado” de Stanley Kubrick, em que o personagem de Jack Nicholson sofre uma transformação por causa das coisas misteriosas do hotel em que ele foi trabalhar e levou sua mulher e filho. Detalhe que a mulher dele e nem o filho, apesar das perturbações, não sofreram nenhuma alteração, mas ele sim. Então fica a dúvida do espectador se as aparições ocorreram de verdade ou já era o fato da debilidade mental do personagem que estava em curso. Tem outros exemplos, inclusive, clássicos, mas fiquemos apenas neste.
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Temos também um outro tipo de TERROR que alguns não sabem a diferença, mas na verdade, é uma espécie de subgênero do TERROR. Estou falando do HORROR, aquele tipo de TERROR que é provocado por coisas ou pessoas horripilantes, que dão medo, pavor e nojo. Filmes como o próprio “O Exorcista” quando o ser transfigura a pessoa transformando-a numa “coisa” medonha. Nesta classe entram os filmes de vampiros e outros em que o TERROR é provocado pelo HORROR das aparições dos monstros.
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Agora, falo da inteiração entre os gêneros. Que quase todos os filmes de TERROR tenham alguma dose de suspense, isto é comum. Mas falo de quando o SUSPENSE se transforma num TERROR. Existe um termo muito conhecido dos cinéfilos que é o SUSPENSE TERROR.
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Bem, tomemos o exemplo do filme “Psicose” de Alfred Hitchcock, é um filme de suspense, porém, com características acentuadas de terror. Isto porque, em momento algum, o filme adverte o espectador o que vai acontecer, até segundos antes do assassinato (neste momento é SUSPENSE) em que vemos o assassino com a faca em punho se dirigindo ao banheiro, mas nada acontece para impedir a tragédia. Então o assassino mata a facadas a protagonista que cai gritando desesperadamente. Neste momento temos um TERROR EXPLÍCITO.
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Por isso que “Psicose” que é, tecnicamente, um filme de suspense, ganhou entre os críticos americanos como o melhor filme de terror já feito. Superando, inclusive, grandes filmes de terror clássico e terror explícito.
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Para finalizar, quero dizer que todas as vezes que me perguntam qual o meu gênero preferido, sempre respondo que são: o drama, a comédia e o suspense. Isto porque todos eles, além de seus gêneros próprios, sempre são participantes, de um jeito ou de outro de outros gêneros.
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Abaixo dou um exemplo do suspense no transcorrer de sua história em suas várias conotações:
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Suspense: 49 filmes!
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